Então a porta do meu quarto se abriu e algo foi jogado ou se jogou na minha cama, olhei vagamente para a silhueta ao meu lado.
— Que cara é essa?
— A cara de quem não quer falar com ninguém, Lenna.
Lenna era uma grande amiga, tinha cabelos curtos, olhos castanhos, era morena e tinha um metro e sessenta. Ela sempre me ouvia quando eu mais precisava e também dava seus pitacos no meu relacionamento. Ela na maioria das vezes estava certa sobre eu ter me entregado tão fácil e que ele, Lucas, não era uma flor que eu devesse regar tanto e cheirar sempre.
— No que estava pensando? — Ela me perguntou deitando-se ao meu lado.
— Em como tudo começou.
— Nunca fiquei sabendo de tudo.
— Então vou terminar de contar o que aconteceu naquele dia.
As lembranças voltavam a minha mente e o cenário era construído gradativamente, então pude rever tudo novamente diante dos meus olhos enquanto fitava o teto vazio e Lenna me ouvia sem dizer uma única palavra.
***
Eu precisava organizar algumas coisas em minha mente, de forma rápida. Eu não posso acreditar que eu tenha me apaixonado por esse garoto, eu mal conheço, isso não estava nos meus planos. Geralmente quando tenho interesse eu fico nervoso, inquieto, parece até que tenho borboletas em meu estômago, mas com esse cara estou completamente tranquilo e sereno, não fiquei inalterado por nem um segundo.
Eu estava o vendo caminhar lentamente enquanto eu processava algumas informações de forma rápida e precisa. Sempre fui impulsivo, apressado demais e não sei bem o que posso fazer se conversar com ele.
Meu rosto esboçava um sorriso e ele finalmente se sentou.
— Oi, desculpa o atraso, fiquei preso por causa da minha tia e demorei mais do que eu esperava. Mas eu não sou assim, sempre sou pontual.
Ri casualmente.
— Tudo bem — falei em meio a um sorriso. — Então o que me conta de bom?
— Você... — Ele riu. — me tirando do tédio e de ficar aqui sozinho.
Começamos a conversar sobre coisas banais e nossas respostas eram sempre seguidas por um sorriso. Por alguma razão eu gosto do sorriso dele, eu conseguia deixá-lo sem jeito só de olhar para ele e ele ficava fofo vermelho. Na verdade a minha cabeça começava a trabalhar em um ritmo que não deveria. Fiquei em silêncio por um momento.
— No que está pensando? — Ele me perguntou curioso.
— Se eu devo ou não te perguntar uma coisa.
— Que coisa?
— Não me decidi ainda se vou falar. — ri levemente. — Mas queria que desse realmente certo. — concluí olhando-o nos olhos.
— Fala. Estou curioso.
Suspirei. Pensei por um breve momento e analisei a situação como um todo. "O que eu teria a perder? Ele parece ser um cara legal e ele é tudo o que quero realmente. Não vai fazer mal se eu tentar... Talvez dessa vez dê tudo certo.".
Tomei coragem.
— Quer namorar comigo? — Ele me olhou e ficou pensativo. Eu estava sinceramente torcendo para que aquela besteira que acabara de falar não estragasse as coisas. Eu o olhei vagamente, talvez vermelho, estava desconcertado, nervoso agora. — E então?
— Estou pensando — respondeu ele com um leve sorriso.
Fiquei inerte. "Aquilo seria um sinal de talvez um sim?". Ele se sentou do meu lado. A praça estava vazia, as lojas estavam fechadas e só havia as pessoas que sairiam em alguns minutos das salas de cinema. Ele me olhou e eu o retribuí, aproximei-me dele, segurei seu rosto enquanto nossos rostos se aproximavam, meus lábios tocaram os dele e pude sentir o quão doce eram, a pele quente e macia, a mão dele que percorria minhas costas e acariciava meu corpo em retribuição as minhas carícias.
Afastamo-nos brevemente. Ele me olhou com um leve sorriso de satisfação.
— Sim. — Ele me disse. Não consegui processar a informação de primeira, então ele repetiu. — Sim, eu quero namorar você.
Ele se aproximou e me beijou novamente. Nossos lábios se tornaram um, pude sentir sua língua adentrar a minha boca, o cheiro dele me entorpecia. Eu estava apaixonado. Algo perigoso para mim, que me apego rápido demais, mas o medo de começar a amar aquele garoto não estava presente e meu corpo fluía pela felicidade de tê-lo. Eu estava feliz. Muito feliz.
Mas nosso beijo foi interrompido pelo celular dele, estava na hora de pegar o primo. Despedimo-nos e antes que ele fosse embora peguei o número dele e ele o meu, então cada um foi para um canto do estacionamento para pegar o carro. Saí do shopping rapidamente e com um largo sorriso no rosto.
Não sei que horas cheguei em casa, estava tão feliz que não ligava, fui para meu quarto, me deitei e dormi feliz por ter achado alguém e preenchido o vazio dentro do meu peito.
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