sábado, 10 de março de 2018

I

O sol brilhava no céu azul daquela manhã de segunda-feira, as nuvens dançavam na imensidão azul. Os carros iam e vinham pelas ruas da pequena cidade de Barras, era mais um dia de trabalho. A cidade preservava a maioria dos casarões antigos no seu centro, boa parte ao redor da igreja de Nossa Senhora da Conceição.
E por ser tão antiga ainda havia uma casa simples, sem reboco, de tijolos retangulares e longos a mostra, a porta de madeira envelhecida pelo tempo contratava com a janela de mesmo material e com a coloração que a parede assumia em toda a sua simplicidade.
A casa não tinha nenhum acabamento, poucas portas eram encontradas ali, apenas as mais necessárias. Não havia muita mobília e tão pouco eletrodomésticos comumente vistos em novelas da rede globo. A geladeira era velha e gasta, rugia como um motor de moto algumas vezes. A televisão de 14 polegadas era a única da casa, fora é claro a preta e branco que estava encostada no fundo do guarda roupa que era compartilhado pela avó de Augusto e ele.
Havia dias em que não havia muito o que comer, arroz e feijão era tudo o que podia se ter algumas vezes, mas apesar de todas as dificuldades aquela não era uma casa triste. Pelo contrário, era alegre. Naquela manhã Augusto não estava se sentindo bem e ficou em casa. Em sua xicara café puro e preto coado em pano, ainda podia se ver a fumaça saindo e o aroma igualmente saboroso. Em sua mão esquerda havia algumas bolachas de agua e sal.
Na pequena televisão ligada na "Globo" que é o maior canal de televisão brasileiro e que monopoliza a opinião da maioria estava passando algo inédito naquela manhã. O presidente do Brasil, Temer, fazia um pronunciamento sobre as mudanças na previdência. O sucesso de ser o presidente com menor aprovação popular estava estampado em seu rosto.
Augusto não prestava verdadeiramente atenção no que se passava, ele estava esperando os desenhos começarem no SBT para mudar de canal e ter alguma diversão de verdade, mas algo o fez parar por um momento. Os olhos do senhor chamado de vampiro, pelo fato de ser um sugador para a burguesia, se estufaram. Suas mãos chegaram ao seu peito.
A repórter em uma fração de segundo dava uma exclusiva de que o presidente estava passando mal ao vivo para todo o Brasil. Mas antes que algo mais acontecesse, seus olhos pareceram vazios e ele olhou sem vida alguma para a câmera que dava um zoom em sua face. Sua voz saiu robotizada e um tanto caricata.
- Infelizmente não morrei neste momento, mas quero dar uma mensagem que há muito tempo foi esperado. Este é o momento propicio para a Irmandade se pronunciar sobre o estado global. Não podemos ser mais coniventes com tal desrespeito a mão natureza e ao próximo. Tantas guerras, tanta intolerância. Isso não pode se manter desta forma.
Ele dá um sorriso amarelo e tenebroso e continua.
- Por esta razão a Irmandade está tomando o controle do mundo, até que a geração de Adãos e Evas criadas dentro das regras e doutrinas do Círculo se torne adulta e possa governar de forma democrática e igualitária este mundo. Desta forma o mundo será dividido em cinco. O continente americano, o que engloba a América do Norte, Central e do Sul serão chamados de Capital Laguz. A Europa se chamara agora Condado de Thurisaz, a Ásia se chamara Palácio de Ansuz e a Oceania e Antártida serão chamadas de Correntezas de Inguz.
Todos estavam incrédulos com as palavras ditas por Michel Temer ao vivo para todo o Brasil.
- Cada um deles, terá um Kauana, que são integrantes da Irmandade escolhidos a dedo para esta mudança global. Os Irmãos carregam um caderno cujo o nome escrito nele levara a morte. Mas cremos que vocês conhecem bem as regras desse jogo e para mostrar que não estamos brincando, mataremos Michel Temer ao vivo para que todos possam ver.
Temer pega uma arma que estava escondida em suas roupas, ele aponta a arma para os seguranças e a comitiva que o acompanhava e dá um sorriso.
- Felizmente para vocês, não queremos sujar a mão deste ilustre peão com sangue sujo assim como o dele próprio. Todo e qualquer um que for contra a Irmandade será morto sem piedade ou clemencia. Vocês já tiveram todas as chances possíveis para salvar-se, agora é hora de salvarmos o que restou do nosso lar. E por fim...
O presidente do Brasil aperta o gatilho e uma bala atravessa sua cabeça, levando consigo sangue e a vida do homem que estava presunçoso em seu discurso. O jovem augusto estava de boca aberta, as bolachas estavam no chão e a xicara quebrada com o café esparramado no chão batido.
Não houve um único ruído vindo da pequena televisão, logo em seguida a imagem foi cortada e uma estranha mensagem de problemas técnicos começou a ser exibida. Um alvoroço se formava nas ruas, foguetes estavam sendo lançados no céu azul daquela manhã, enquanto o jovem garoto sem camisa, negro e que pedalava em sua bicicleta velha que rangia gritava para todos ouvirem.
- Viva a Irmandade!
Esse era o começo deuma nova era de organização e deveres. A Irmandade estava controlando todos queeram contra sua liderança, eles protegiam os pobres e oprimidos. Buscavam aigualitariedade dos direitos entre todos. E para que não houvesse duvidas danova ordem mundial um enorme círculo dourado com uma grafia estranha estampou océu azul. Ela reluzia como ouro e em seu centro havia a letra "i".    

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